Dermatologista respondia ao processo em liberdade e trabalhando normalmente em MOC
O Norte - Foto: Polícia Civil/Divulgação
Foi preso pela Polícia Civil em Montes Claros o médico dermatologista Linton Wallis Figueiredo Souza, de 54 anos, condenado a 51 anos de detenção por estuprar nove mulheres. Os crimes - seis estupros de vulnerável e três mediante fraude - ocorreram em 2016, segundo a polícia. Wallis chegou a ficar preso na época, mas respondia ao processo em liberdade e seguia exercendo a medicina.
A prisão é relativa a uma sentença de 1ª Instância de condenação relativa a uma investigação que ocorreu na Delegacia de Mulheres, da Polícia Civil em 2016.
“A sentença saiu confirmando nos exatos termos o nosso indiciamento de 2016. Ele foi condenado por seis estupros de vulneráveis - mulheres estavam sedadas - e três estupros mediante fraude. Estavam acordadas, mas foram ludibriadas a acreditar que seria um procedimento médico”, comentou a titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, Karine Maia, presente na coletiva de imprensa acompanhada pelo chefe do 11º Departamento da Polícia Civil (PC), Jurandir Rodrigues César Filho, e pelo delegado da Polícia Civil Erivelton Ruas Santana.
A delegada explicou o que seria o ‘modus operandis’ do médico, deixando claro que foram vários depoimentos de situações em que a vítima era abusada sexualmente com argumento que seria para fins médicos.
Mulheres sedadas
Segundo a polícia, os crimes eram praticados dentro do consultório do médico em pacientes que o procuravam para fazer procedimento estético com “laser” no rosto. As pacientes eram sedadas e, durante este procedimento, abusadas sexualmente.
De acordo com os investigadores, pode-se comprovar que o médico dermatologista sedava os pacientes com um comprimido próprio de sedação, o midazolam, que foi apreendido no consultório no dia da prisão em 2016, de acordo com a PC.
“Ele confirmou nos depoimentos que usava os comprimidos para sedar as vítimas e durante a sedação, após investigação, ficou comprovado que ocorriam os abusos sexuais”, declarou a delegada Karine Maia.
Vítimas virgens
Para ser bem-sucedido nos atos libidinosos, o médico alegava que o procedimento era doloroso “e por isto sedava as vítimas para que elas não sentissem dor”, explica a delegada. “Os atos foram sexo anal em 3 ou 4 vítimas, junção carnal, sexo vaginal, com três com rompimento de hímen, pois, eram virgens”, esclarece a delegada. Karine.
A defesa
O advogado de defesa, Nestor Rodrigues, disse ter recebido a condenação com tristeza e surpresa. “Uma condenação que foi consubstanciada, em provas alheias ao processo”, declarou.
Segundo o advogado, as fotos que a delegada afirma possuir, na coletiva, são registros comuns nos procedimentos médicos, em especial nos procedimentos estéticos utilizados por cirurgiões plásticos e dermatologistas para ver a regressão ou a progressão do tratamento médico.
Em entrevista à Inter TV, defesa alegou também que houve fraude processual e disse que vai recorrer da decisão.