Casarão da FUCAM completa 110 anos em Buritizeiro

Patrimônio histórico e arquitetônico estadual até hoje espera pela tão prometida obra de reforma e restauração

Max Rocha - Fotos: FUCAM e AgênciaMinas

O casarão-sede do Centro educacional da Fundação Caio Martins (FUCAM) em Buritizeiro foi oficialmente tombado como patrimônio estadual em março de 2018, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico/IEPHA-MG. 

Apesar do reconhecimento oficial do valor arquitetônico e histórico da edificação, seu projeto de reforma e restauração até hoje não saiu do papel e da lista de promessas políticas.  

Sua construção foi iniciada em 1910 pelo Capitão de fragata Tancredo Burlamaqui de Moura, seguindo o projeto do Arquiteto italiano Miguel Micussi, com escritório em Belo Horizonte, responsável também por diversos trabalhos em Pirapora. 

De 1913 a 1920 o imóvel foi sede da única Escola de Aprendizes Marinheiros em Minas Gerais. Desativada pela Marinha, passou a abrigar, em 1922, o Hospital Regional ‘Carlos Chagas’.

Fundado pelo médico e diretor Dr. Rodolfo Mallard, o hospital regional foi referência na luta contra as epidemias que assolavam o sertão norte-mineiro e são-franciscano. Os tratamentos mais freqüentes eram da malária e feridas de pele, com a utilização de sulfato de traquino. Pescadores e viajantes de barco, no trecho do Rio São Francisco, eram submetidos à vacina contra a febre amarela.

Fortaleza, precariedade e extinção

Após a morte do seu fundador, o hospital (mantido pelo Governo do Estado) funcionou somente até 1950. Somente a partir de 1952, o espaço foi transformado em sede da FUCAM - graças a iniciativa decisiva do Coronel Manoel José de Almeida. 

O visual e imponência do casarão (mais antigo que a fundação do próprio município) lhe valeram o título de "Fortaleza do Sertão", pelo escritor João Guimarães Rosa. 

A edificação tem importância simbólica marcante, até hoje, no imaginário dos buritizeirenses, de várias gerações, preocupados com seu atual estado de precariedade e insegurança estrutural. Faltam empenho e união de esforços em prol da total recuperação do “casarão da Fucam”, valorizando a memória e preservando um capítulo importantíssimo na história regional. 

A reivindicação de reforma volta à pauta no momento em que o Governo de Minas projeta a extinção da Fundação Caio Martins, incorporada à Secretaria de Estado da Educação.