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Samu 192 em colapso: 94% das cidades mineiras podem ficar sem atendimento

quarta-feira, 2 de julho de 2025

/ by UPira

Serviço ameaça paralisação por falta de recursos; déficit previsto é de R$ 57 milhões e categoria cobra reajuste e reconhecimento profissional

Foto: Divulgação/SES

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) pode parar em até 94% das cidades mineiras nos próximos dias, caso o Ministério da Saúde e o governo estadual não iniciem tratativas urgentes para a regularização dos repasses financeiros. Os dez consórcios regionais que operam o serviço no Estado protocolaram um ofício junto ao governo federal denunciando um rombo previsto de R$ 56,8 milhões para 2025, valor que compromete a continuidade do atendimento à população.

Atualmente, o Samu atende cerca de 800 municípios mineiros, cobrindo 93,7% do território estadual. Os consórcios afirmam que o tempo de resposta dos resgates pode aumentar significativamente e que bases operacionais correm risco de fechamento, caso os recursos não sejam regularizados.

Segundo levantamento divulgado pelos consórcios, a União — responsável por 50% do financiamento do Samu — tem repassado apenas entre 8% e 40% do valor acordado. No Leste de Minas, por exemplo, o Consórcio Intermunicipal de Saúde (CONSURGE) recebeu, em média, apenas R$ 371 mil mensais do Ministério da Saúde, valor equivalente a 8,3% da verba necessária para operar. Já na região do Jequitinhonha (CISNORJE), o repasse médio ficou em torno de R$ 1,5 milhão por mês — ainda abaixo do ideal, representando apenas 40% da verba.

A diretora do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sindsaúde-MG), Núbia Dias, afirma que o problema se agravou nos últimos anos. “Antes, o governo federal custeava 75% do serviço. Hoje, esse percentual caiu para 50%, e muitas vezes nem isso está sendo cumprido. Sem a habilitação federal, o Samu não pode funcionar de forma regularizada”, explica.

Além do déficit financeiro, cerca de 2 mil condutores socorristas também pressionam por melhores salários e por reconhecimento como profissionais de saúde. A categoria cobra a retomada do Projeto de Lei 3.104/2020, que tramita na Câmara dos Deputados e propõe o enquadramento dos condutores no rol de profissionais da saúde, com direito a benefícios e proteções equivalentes.

“Esses trabalhadores são essenciais na linha de frente, enfrentam jornadas exaustivas e riscos constantes, e recebem salários que não condizem com suas responsabilidades”, pontua Núbia. Atualmente, um condutor socorrista recebe entre R$ 1.700 e R$ 1.860.

Durante visita a Minas Gerais em junho, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, negou que exista um piso constitucional obrigatório para o Samu, mas prometeu apurar a situação. “O último reajuste aconteceu em 2012. Com o novo governo, houve um aumento de mais de 30% nos recursos. Estamos atentos ao caso de Minas, mas não aceitaremos inverdades”, afirmou.

Já a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) argumenta que o Estado tem assumido uma parcela superior à exigida por lei. De acordo com a pasta, enquanto a legislação prevê um repasse mínimo estadual de 25%, o governo mineiro tem arcado com mais de 50% dos custos operacionais.

Se a greve for confirmada, o Sindsaúde-MG garante que a paralisação seguirá todas as exigências legais para manutenção dos serviços essenciais. “Buscaremos preservar a vida e a legalidade. A Justiça define o número mínimo de trabalhadores que deve permanecer em atividade durante o movimento”, finaliza Núbia Dias.


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