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Coluna: Pelo amor ou pela dor

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

/ by UPira

Coluna Inversa

Por Larissa rocha

Pelo amor ou pela dor

Fotos: Arquivos 

Spoiler: sempre vai doer trocar de pele — mesmo que você esteja fazendo isso de bom grado e com alegria por ter aprendido algo. Um dos ditados mais populares que ouvimos diz que a gente aprende pelo amor ou pela dor. Eu tenho a teoria de que todo aprendizado é dolorido.

Sim, nessa hora vocês pensam: “tá doida é, mulher?” E sim, estou. Tenho até laudo... 

E como eu vivo “controlando a minha maluquez, misturada com minha lucidez”, tenho passado por certas situações que me trouxeram essa constatação — que não é nada pessimista. Ela tem se manifestado como um reencontro com a consciência de que cada processo tem um nível de satisfação e, simultaneamente, passa pelo incômodo.

É tipo o parto, gente... Se para dar a vida é dolorido, imagina só se viver vai ser suave. É tipo quebrar a cabeça pra fazer um cálculo que você não sabia ou aprender uma regra ortográfica sozinha pela primeira vez. Todo aprendizado passa por um processo de adaptação — de construir uma nova consciência que guia o corpo e a mente em uma nova realidade, que você mesma está escolhendo criar na jornada que está trilhando. Só de falar, até dói o maxilar...

Sempre que recalculamos a rota, é preciso movimentar todo o barco, peça por peça, ouvindo o som do chiado do casco, das velas, do mar e dos ventos. A sonoridade alerta: estamos mudando o caminho e o caminhar.

O sertanejo norte-mineiro tá acostumado com o chiado do carro de boi, anunciando que por ali tem comitiva se movimentando, guiada por carreiro e candeeiro... E por mais poético que soe, esse processo pode ser tortuoso.

E atenção: Cuidado! Não caia no erro que eu mesma cometi de chamar suas experiências de tortura. Até porque, uma das lições que nossas mais velhas sempre repetem é que “as palavras têm poder”.

Observe bem: pense em uma situação que você está vivendo hoje. Reviva os detalhes — o ambiente, as pessoas, as reações. Lembre-se das vezes em que você pensou: “o que eu fiz pra merecer esse castigo?”. Agora, repare no que essa experiência te ensinou, mesmo que de forma torta. Que habilidade, consciência ou caminho ela te revelou? Mesmo as dores têm um talento secreto: o de lapidar a gente.

Processos são feitos de testes, adaptações, necessidades, reformulações, insistência, perseverança, novidades, redirecionamentos... É fato, senhoras e senhores: aquela constatação lá do início é certeira — sempre vai doer.

Outro dia vi no Instagram um vídeo em que uma mulher reforçava o conceito de que o corpo é antifrágil. Logo, somos feitos de adaptações. Se você se exercita, o corpo responde: a dor aparece, e ele segue se aprimorando por meio do crescimento ou da flexibilização dos músculos. Ou seja — a dor é parte da nossa evolução e crescimento.

Tem um pequenino detalhe, pouquíssimo falado, porém faz uma diferença colossal: o cansaço que vem junto. O tal do “ser forte”, que no papel parece bonito, mas na prática dá vontade de largar o protagonismo no meio da cena e pedir pra sair.


Memorando:
“Querido Leão, hoje estarei recusando o pleito de matá-lo como missão diária. No momento, renuncio o posto de guerreira, mantendo-o permanentemente ocupado por Xena — afinal, ela também é uma princesa. E só de ser herdeira já passa na minha frente. Além disso, ainda tenho que desviar de um monte de antas. Quem me dera ser um peixe, para em um límpido aquário mergulhar... Siga sua vida, saltitante. Forte abraço.”

— Larissa Rocha


Ademais, requer coragem acolher os próprios erros, dores, traumas — e os comportamentos que eles imprimem em nós. Também requer coragem viver o discurso que se prega: cumprir acordos consigo mesma, enxergar perspectiva em meio ao caos, fazer seus exames, tomar seus remédios, beber água... e por aí vai. E a ousadia de falar um simples: NÃO. Você já experimentou? É transcendental.

Bota fé no quanto tudo isso custa caro? E a conta chega, viu! Como chega...

Ainda assim, a gente segue o fluxo da matrix e sangra pelos outros, pelo sistema, pelo patrão. Vivemos “engolindo sapo”, recebendo serviço mal feito e se contentando com isso, sendo cobrada por responsabilidades que não são nossas, pagando caro por coisas que não usamos ou que são simplesmente ruins.


Sempre há um momento que o corpo fala e a alma pede pausa. Que os sentidos avisam: é hora de sair do automático.

Pergunte-se aí: o que te impede de romper com esses pactos que a gente nem sabe quem impôs? O que te impede de escolher você primeiro? Sem papinho de meritocracia. Sim, com papo de cura ancestral, de romper ciclos, quebrar paradigmas alheios — e os nossos.

Por isso estou aqui compartilhando (até porque, na minha vez, não me avisaram nada,). A dor do aprendizado também é feita de exaustão. Aquele momento em que a cabeça gira, o saldo bancário aperta e o corpo só quer colo — não conselho, nem razão. E mesmo assim, a gente levanta, ajeita o lençol, respira e segue caminhando, mesmo sem ter feito o download da alma, meio incrédula, mas respirando.

Tem dias em que o aprendizado parece uma tortura medieval. E outros em que ele se revela com delicadeza: um banho demorado, um café quente, um toque de música boa, um sopro de alívio, rebolar com hits antigos ou novos, descobrir a playlist de um amigo, criar uma playlist com uma amiga, tomar banho de chuva no moto-táxi.

Aprender dói, mas também abraça. Porque é ali, entre um choro e outro, que a gente entende que o amor e a dor são como os Ibeji — não se separam, se equilibram.

No fim das contas, aprender pelo amor ou pela dor talvez seja só uma questão de perspectiva. O que muda é o quanto de ternura você é capaz de oferecer a si mesma no meio da travessia. É o quanto você consegue acompanhar o bolo chegar no ponto — sem queimar, sem desandar, apenas crescer.

E eu, que há dias estou tentando me lembrar de como respirar suave, reencontro a leveza olhando pra dentro, me desfazendo do que não me pertence, recebendo o que é meu e deixando a responsabilidade do outro pra ele mesmo carregar. Respirando fundo, no aqui e no agora, pra na vida navegar.

Afinal, se viver faz doer, que sigamos dançando, sorrindo, brilhando, poetizando.

Salve as forças que nos sustentam. Axé!

Se chegou até aqui, aproveita pra ouvir esse som. Afinal, a gente merece, sim.

Aproveita e comenta no Instagram — uma palavra, uma sensação, um suspiro. 


Larissa Rocha Ã© cria de Buritizeiro/MG – um município gigante em território e em belezas naturais. Comunicadora apaixonada pelas histórias que nascem das barrancas do São Francisco, é destemida e curiosa. Atua na criação de projetos sociais e culturais, produção de conteúdo e gestão de redes sociais. Tem experiência em jornalismo impresso, comunicação institucional e marketing de conteúdo, sempre buscando unir afeto, estratégia e criatividade para fortalecer comunidades e valorizar as potências do Norte de Minas.





Contato:
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