Produtores e parlamentares afirmam que medida da Conabio pode causar desemprego, encarecer o pescado e frear exportações; votação está marcada para 8 de novembro.
Redação Pirapora News
Foto: Joa_Souza/Getty ImagesA possível inclusão da tilápia na lista de espécies exóticas invasoras, proposta pela Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio), acendeu um sinal de alerta no setor aquícola e entre representantes do agronegócio. A medida, que será votada em 8 de novembro, é vista como uma ameaça direta à principal base produtiva da piscicultura brasileira.
Se o Ministério do Meio Ambiente aprovar a proposta, a criação e a comercialização da espécie poderão sofrer restrições severas. O impacto seria profundo, já que a tilápia representa cerca de 70% da produção de peixes cultivados no país. Originária da África, a espécie é criada legalmente no Brasil há mais de duas décadas, seguindo licenciamento ambiental e normas definidas pelo Ibama.
Os números mostram a dimensão do risco. Em 2024, a produção nacional alcançou 662,2 mil toneladas. O Paraná responde por 36% desse total e também lidera as exportações, que cresceram cerca de 70% em volume e 90% em valor entre 2023 e 2024. O setor movimenta uma ampla cadeia econômica, que vai de pequenos produtores a grandes indústrias de ração, frigoríficos e exportadores, gerando milhares de empregos em todo o país.
Entidades representativas do setor alertam que incluir a tilápia na lista de espécies invasoras poderia anular licenças já concedidas, causar desemprego e encarecer o pescado, além de reduzir a oferta de proteína acessível à população. A Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) defende que a produção é controlada e sustentável, e argumenta que não há justificativa técnica para a restrição.
A Frente Parlamentar da Agropecuária também se posicionou contra a proposta. O grupo afirma que a medida representa uma interferência indevida em um setor produtivo estratégico e pede que o governo reavalie os critérios adotados pela Conabio antes de tomar qualquer decisão. Parlamentares alertam que uma escolha precipitada pode comprometer um dos segmentos mais dinâmicos do agronegócio nacional.

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