Ministra dos Direitos Humanos defende apoio aos parentes das vítimas; Planalto teme associação com o tráfico e busca saída política para o impasse
Redação Pirapora News
Foto: Ricardo Stuckert - PRO governo federal avalia se deve oferecer assistência às famílias das vítimas da megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro na última semana, que deixou 121 mortos, entre eles quatro policiais. A ação, batizada de “Contenção”, foi considerada pelo governo estadual a maior já feita no território fluminense e teve como alvo chefes do Comando Vermelho que estavam reunidos nos complexos da Penha e do Alemão.
A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, é uma das principais vozes a favor da medida. Ela defende que o Estado tem obrigação de amparar as famílias de todos os mortos em ações de segurança pública, independentemente de haver comprovação de envolvimento com o crime. Desde o início da semana, Evaristo articula para que a União ofereça algum tipo de apoio institucional aos parentes das vítimas.
O tema, no entanto, causa desconforto no Palácio do Planalto. Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliam que uma iniciativa federal pode ser mal recebida pela opinião pública e interpretada como um gesto de condescendência com o tráfico. A cautela aumentou após uma pesquisa da AtlasIntel apontar que 80% dos moradores de favelas do Rio apoiam a operação.
O governo teme que o debate acirre ainda mais a polarização política em torno do episódio. Segundo fontes do Planalto, a tendência é que qualquer medida de reparação ou assistência fique sob responsabilidade do governo estadual, que coordenou a ação.
Na última quinta-feira, a ministra Macaé Evaristo esteve no Complexo da Penha, zona norte do Rio, onde ouviu relatos de moradores sobre os impactos da operação. Durante a visita, classificou a ação como “um fracasso” e defendeu que o governo federal acompanhe as investigações sobre as mortes e os desaparecimentos.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também participou da agenda. O encontro ocorreu em meio à pressão de entidades civis e movimentos de direitos humanos, que cobram responsabilização das forças de segurança e assistência emergencial às famílias afetadas.
Enquanto o debate divide o governo, o episódio reforça a tensão entre o discurso de combate ao crime e a defesa dos direitos humanos, um equilíbrio que o Planalto tenta manter sob forte escrutínio público.

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