Inspirado nos buritis do Cerrado mineiro, bordado “Vereda do Galhão” foi escolhido pelo Itamaraty como presente oficial do Brasil
Redação Pirapora News
Uma obra bordada à mão por uma família de artistas do Norte de Minas Gerais foi escolhida pelo Itamaraty como presente oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao imperador do Japão, Naruhito. A peça, intitulada “Vereda do Galhão”, é uma homenagem ao Cerrado mineiro e à força simbólica dos buritis – palmeiras majestosas que só nascem onde há água e nascentes.
Com 1,5 metro de comprimento por 1 metro de largura, a tela levou cerca de oito meses para ser concluída. A criação é assinada pelo artista plástico Demóstenes Dumont Vargas Filho e suas irmãs Marilu, Marta, Ângela e Sávia Dumont, que formam o coletivo Matizes Dumont, reconhecido por transformar o bordado tradicional em arte contemporânea de forte viés socioambiental.
“Foi uma alegria imensa ver nosso trabalho ser escolhido para representar o Brasil. Nosso bordado é profundamente ligado à natureza e, em especial, ao Cerrado, esse bioma tão vital e ameaçado”, relatou Sávia Dumont em entrevista ao programa Natureza Viva, da Rádio Nacional da Amazônia.
A obra representa a Vereda do Galhão, uma paisagem real do entorno de Pirapora, cidade natal dos artistas. “O buriti só nasce onde há água, nas veredas. Isso tem um simbolismo muito forte para nós, porque preservar a vereda é preservar a vida”, destacou Sávia.
Conhecido como “árvore da vida” pelos povos originários, o buriti compõe um ecossistema completo: abriga pássaros, fornece matéria-prima para casas e artesanato, e seus frutos são usados na alimentação e na medicina popular.
Além de seu valor estético, “Vereda do Galhão” carrega uma mensagem clara de preservação ambiental e valorização das raízes culturais do interior do Brasil – um gesto simbólico de diplomacia que reforça a riqueza do Cerrado brasileiro diante do mundo.